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A Política Nacional de Economia Popular e Solidária foi o tema central do 8º Seminário Interdisciplinar, realizado no último dia 1º de outubro no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP). O evento, promovido pelo Observatório dos Impactos das Novas Morfologias do Trabalho sobre a Vida e Saúde da Classe Trabalhadora, contou com a participação de representantes de diversas entidades, incluindo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), representado pelo secretário Nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes), Gilberto Carvalho.
Em discurso, Carvalho destacou a relevância das universidades e institutos federais na disseminação e estudo da economia popular e solidária, especialmente por meio do apoio às incubadoras tecnológicas. “Esse processo de incubação e de pesquisa da academia tem muito a ver conosco e reconhecemos esse papel. Por isso, vim aqui compartilhar problemas para que, juntos, possamos encontrar saídas para o necessário salto de qualidade que temos que dar nessa grande comunidade que é a economia popular e solidária”, afirmou o secretário.
As incubadoras tecnológicas de economia popular e solidária estão inseridas nos institutos e universidades federais, com o objetivo de apoiar a criação e o desenvolvimento desses empreendimentos, como cooperativas e associações. Seu papel é oferecer suporte técnico, formação e capacitação para os empreendedores, para o apoio e estruturação dos negócios, melhorando os processos produtivos e auxiliando no acesso aos mercados, além de promover a integração entre as universidades e a comunidade.
O secretário da Senaes também expressou sua preocupação com a glamourização teórica em torno da economia popular e solidária. “Em tese, é maravilhosa, porque se fala em autogestão, em propriedade dos meios de produção pelos próprios trabalhadores, remuneração igualitária, uma nova forma de produzir, comercializar e consumir uma nova visão de mundo que a realidade nem sempre corresponde a isso”, refletiu Carvalho, complementando que muitas vezes o sofrimento daqueles que estão construindo a economia popular e solidária é enorme “por isso temos que nos dar conta dessa realidade e buscar formas para fazer o que eu chamo de salto de qualidade, inclusive no papel no desenvolvimento do país”.
Atualização dos dados da economia popular e solidária no país
Além disso, o seminário abordou a atualização de dados sobre os empreendimentos solidários no Brasil, que não são revisados desde 2016. Gilberto Carvalho anunciou que, a partir de novembro, será lançado um novo levantamento para atualizar o Cadastro Nacional de Empreendimentos Econômicos Solidários (Cadsol), “uma medida fundamental para mensurar o impacto desse setor no país”.
Segundo os dados do Cadsol, de 2016, o Brasil tem registrado 20.670 empreendimentos que atuam dentro dos princípios da economia popular e solidária, que envolve 1.425.158 trabalhadores e trabalhadoras.
O evento também contou com a presença de especialistas como René Mendes, coordenador do Observatório, Luciana Ferreira da Silva, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Toninha Carrara, da Pastoral Operária, reforçando o compromisso das instituições envolvidas em fortalecer a economia solidária como um caminho alternativo para o desenvolvimento social e econômico do Brasil.
Observatório dos Impactos das Novas Morfologias do Trabalho sobre a Vida e Saúde da Classe Trabalhadora
O 8º Seminário Interdisciplinar promovido pelo Observatório teve o objetivo de aumentar a visibilidade dos processos de economia popular e solidária em curso, refletindo e debatendo suas enormes potencialidades, mas também os seus limites, em busca de caminhos alternativos para vencer os diversos obstáculos.
O Observatório foi criado em 29 de outubro de 1986, sendo o IEA um dos institutos especializados da USP, que se destina à integração de pesquisadores, grupos de pesquisa e unidades acadêmicas da Universidade e à interação desta com outras instituições e com a sociedade em geral.
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